quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Tempos de Espera

Hoje eu quero falar sobre paciência, sobre tempos de espera. Aquele tempinho que permeia nossas vidas, tempo em que nada acontece...
Pois é, justamente, sobre este aparente nada acontece que quero falar.
Somos seres movidos por desejos cada vez maiores. Nosso ego está ávido por consumir toda a promessa de perfeição que nos é vendida na mídia.
Já referi em outro texto deste blog que queremos cada vez mais, cada vez mais coisas...
Queremos bens materiais, “estéticos”, relacionamento perfeito e, também, felicidade.
Nossa! Só de passar os olhos por esta lista de desejos que nos impomos a todo tempo, já cansa.
Agora, imaginem como toda essa exigência fica no nosso corpo, na nossa energia: cria-se uma guerra e muita ansiedade para ver esta lista concluída...
O triste fato é que os desejos contidos nela não se realizam por completo. Isso porque nosso ego está totalmente identificado com a mente, e a mente, por sua vez, com os nossos desejos.
E quanto mais desejos eu crio ou corro atrás, menos tempo há para realizá-los.
O mundo tem aderido a um ritmo muito intenso e veloz, e nós, nesta ânsia gerada por tanta velocidade, acabamos ansiosos para realizar nossos desejos.
Quando estamos entrando no tempo de espera, em que as coisas da nossa vida dão uma ‘parada’, já achamos que tudo está monótono, ou que nada está acontecendo, ou que a energia está “parada” ou ruim, enfim, tendemos a achar que nossa busca está estagnada e, por vezes, até desanimamos.
Com isso esquecemos que a natureza é o maior exemplo de que tudo tem um tempo de maturação, de parada.
Esquecemos que num momento de espera podemos dar um dos maiores presentes a nós mesmos que é cultivar momentos de diálogo interno, de reflexões que nos ajudem a crescer. É um tempo em que podemos ouvir mais música, meditar, relaxar, respirar, cuidar de nós...
Mas o que se fala muito é que “não há tempo a perder”, “estamos sempre na correria”, etc.
Criamos crenças de que não existe tempo para cuidar de nós mesmos.
Se acreditamos que não temos tempo para nós, será que este tempo existirá na nossa vida algum dia?
Será que nestes momentos de espera, a vida não nos está oportunizando um momento a sós com nossa consciência?

O médico e guru Deepak Chopra coloca que todo problema traz em si a semente da oportunidade. Logo, se eu acho que estou tendo problemas porque externamente nada está acontecendo na minha vida, será que estou aceitando a oportunidade de visitar a mim mesmo interiormente?

Quando temos de ter paciência, podemos aceitar esse tempo de espera como uma forma de entrar em contato com nosso interior para dar uma olhada na nossa construção.
Nesse sentido, novamente citando Chopra, a realidade é uma questão de interpretação.
Então, posso interpretar que não têm acontecido coisas interessantes na minha vida (externa!), e ficar sentindo tédio, ou posso aproveitar a calmaria e dar uma olhada na forma como alimento coisas boas em mim, o que tenho feito pelo meu interior...
Se interpreto de maneira positiva, transformo algo incômodo em algo produtivo para o meu amor próprio, para a minha auto-estima. No entanto se interpreto como perda de tempo, o que eu produzo com isso?

Aliás, já repararam como se fala em baixa auto-estima?
O problema é que nos sentimos em baixa quando não temos sucesso profissional, quando nosso corpo não está nos padrões da sociedade, quando interpretamos que falhamos num projeto, enfim, todas as causas externas nos incomodam quando se fala em baixa auto-estima. É difícil alguém dizer, “estou com baixa auto–estima porque notei que não tenho lidado bem com os ressentimentos que tenho dentro de mim”. Nossa tendência é olhar para fora. Nossa fonte de baixa auto-estima, normalmente, é a comparação com o outro!!!
Deveria ser diferente, deveríamos perceber que isso vem de nós, de percebermos que estamos nos tratando mal, muitas vezes, com raiva de nós mesmos por não correspondermos às exigências externas!!!

Portanto, sempre que a vida der “uma parada”, aproveite para aceitar o convite de estar mais tempo com você, desenvolvendo seu amor próprio. Assim, este tempo não será mais identificado por você como uma inutilidade, e sim, uma ótima oportunidade de tirar férias consigo mesmo!

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