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Eu estava à cata de idéias para um novo texto para o blog e, de repente, relendo alguns escritos antigos de um período bem difícil de mudanças internas, achei este pequeno texto que escrevi a mim mesma como forma de amenizar uma onda de intermináveis questionamentos. Inspire-se e escreva. No final das contas, sempre cai bem.
'Hoje resolvi abrir as cortinas, dar uma arejada no peito. Já estava tudo cheirando a mofo mesmo e com ares de acomodação. Aquele tipo de ambiente em que a decoração continua igual, os quadros velhos, o sofá no ângulo errado, a cortina desgastada...
E eu fui ficando nesse espaço quietinha e sem vontade de mexer em nada.
Belo dia, chegam velhas visitas, dores conhecidas, que voltam a nos ver de vez em quando... Exatamente, e nem tanto ironicamente, no dia em que não queremos ser incomodados.
Aquele pessoal todo que a gente já conhece faz tempo, mas nunca convida pra entrar. A típica visita que a gente põe a vassoura atrás da porta, ou um pratinho de sal grosso pra espantar e sair logo...
E elas chegam, se demoram, tomam um café... até que depois de estragar o dia vão embora prometendo voltar no dia seguinte por causa daquele álbum antigo que não tiveram tempo de folhear hoje...
Bati a porta. Corri para a caixa de memórias e joguei tudo fora.
Revolução! Sumi com as cortinas, tirei os quadros, mudei tudo de lugar, e além do prato de sal grosso coloquei um vaso de espada de são Jorge na soleira da porta. UFA!
Chega de preguiça! Como descortinei, o sol vai entrar amanhã direto, logo bem cedo, de manhã, gritando: desperta!! E lá vou eu cuidar de tudo e do meu espaço. Vou sair pra trabalhar e me demorar bastante para que as visitas chatas não encontrarem ninguém. Á noite, farei aquele macarrãozinho esperto, ouvirei minha música preferida, e depois ficarei em silêncio curtindo todo céu interno onde não há mais cortinas.
Tudo isso em exercício diário de devoção a mim mesma! Afinal, a disciplina é mestra de ferro para me ajudar a não ficar entulhada junto com as coisas velhas que embotam a visão da beleza do céu lá de dentro, seja com estrelas e lua ou com o sol do meio dia. Ainda que, de vez em quando, haja chuva, ventos, tempestades.'